A Palavra de Deus nos relata que Nazaré era o lugar onde residia Maria, a grande escolhida para ser a Mãe de Jesus, nosso Senhor e Salvador.
"..o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré" (Lc 1, 26).
Sabe-se que não era uma grande coisa esta cidade, este lugarejo, melhor dizendo, onde residia esta jovem, desconhecida e simples, bem do povo. Hoje, sabemos tantas coisas sobre Ela e quão especial é a sua pessoa e o seu papel no plano divino. Sobre ela, a grande profecia de Isaías se cumpriu:
"Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel, que significa Deus está conosco" (Is 7, 14 e Mt 1, 23).
José, da casa de Davi, era um carpinteiro e, pelo que se sabe residia também em Nazaré. Sobre ele, pobre operário, homem justo (que quer dizer santo) [veja Mt 1, 19], nada de tão extraordinário se pode falar. Vivia aquela vidinha de operário e homem de fé. Vidinha! será? Não! Não era vidinha. Vamos em frente...
Depois que Jesus nasceu, lá em Belém, lá na manjedoura, junto de um boi e jumento (se tinha mais animais e menos que isso, não se sabe: só se sabe que lá os animais estavam). "Não havia lugar para eles na hospedaria" (Lc 2, 7). É o que João, o discípulo amado, dirá com palavras mais teológicas:
"Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram (a Palavra, pois...) a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe como Filho unigênito, cheio de graça e verdade" (Jo 1, 11.14).
E para visitar o pequeno menino a Bíblia nos conta que o primeiro anúncio feito pelos anjos foi dirigido aos pastores, gente pobre, simples, até mesmo um pessoal marginalizado. Sei não! Só pobreza, só simplicidade, só pequenez, escondimento!
Voltemos para Nazaré, ou melhor, vamos a Nazaré! Conta a Palavra de Deus que, após o retorno do Egito, ....
José retirou-se para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelos profetas: "Ele será chamado nazareno" (Mt 2, 22-23).
Os textos falam que existe uma eleição de Deus sobre este lugar. Foi lá que Jesus crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e diante dos homens. Em Nazaré, junto a Maria e a José. Acho que aqui pegamos um caminho muito seguro para o novo ano, para este ser cristão, para deixar a vida divina crescer em nós e frutificar. Para isso acontecer é preciso mergulhar neste mistério de Nazaré feito de silêncio (de paradas para ouvir a Deus, para refletir, estudar, meditar), de oração (de união com Deus para viver a sua vontade), de trabalho (da vida disciplinada, de serviço, de ação), de vida familiar (fraterna, afetuosa, respeitosa). E a vida em Nazaré é feita não de uma pesada rotina, mas de uma sadia disciplina, onde as mesmas coisas de sempre vão assumindo um significado todo renovado a cada momento, a cada dia, a cada semana e mês, a cada ano que passa. As mesmas coisas de sempre trazem a marca de uma novidade sempre renovada do Emanuel no meio de nós, dentro de nós, "crescendo" em nós com sua graça, com sua luz, com sua bênção e providência. As mesmas coisas de sempre nos levam a viver a mística do quotidiano onde o ordinário é sempre um grande extra-ordinário.
Tão desprezada esta Nazaré! Mas tão preciosa aos olhos de Deus e aos olhos de todos quantos descobriram a beleza encantadora da eterna novidade e os imensos tesouros escondidos nestas coisinhas da vida ou daquelas mesmas coisas que fazem parte de nossa caminhada diária.
Que seja feliz este ano novo de 2014, cheio de Nazaré na tua vida, caro Filoteu!